ouço risadas lendo minhas palavras

desespero é a palavra que me vem quando planejo escrever e não sai nada organizado. penso em repetir a mesma palavra várias vezes e assim formar o que tanto quero dizer. me vejo tentando fugir dos ciclos de palavras e desejos que há tempos não se desenvolvem. só estão aqui, não os organizo e tenho medo do que podem vir a ser. ouço risadas lendo minhas palavras.

tem dias que preciso gritar. e após uma atividade cansativa, dou um gritinho de alívio. é alí que deixo escapar ideias e vontades minhas que não posso falar. dia desses gritei pela janela e me escondi a tempo dos vizinhos não me verem. e teve outro dia que precisei falar baixinho no meio do escritório que um cara era chato. me acostumei a deixar escapar só o desespero. quem precisa entender?

falo tanto de mim mesma porque busco o fim de algo, a compreensão ou o início. mas confesso que gosto muito mais dos fins e da sensação de conclusão que eles me dão. só que nada se desenvolve nesse corpo farto, nesse corpo que não tem limites para as expectativas de nadar em palavras que não ecoem os olhares de quem não me lê.