com quantos anos a gente descobre a esperança?

Júlia Renata
2 min readMay 22, 2023

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já fui a pedra na sola do sapato, insuportável por alguns segundos. já fui a criança que chora com a despedida, mesmo sem entender o que ela é. fiquei chorando em colos desconhecidos que queria que fosse o teu.

acreditei que nunca seria alguém pra você, porque me convenci de que eu estava cansada me oferecer por completo e receber nada. então comecei a ignorar, não fazer questão de você, ou pelo menos fingir. por dentro eu torcia pra olhar pra mim e falar comigo, mas não aconteceu porque eu não soube fingir e você continuou a ignorar. e assim continuou doendo como se fosse o instante que você me prometeu algo e não cumpriu. Eu era uma criança que acreditava, que tinha esperança mesmo quando ainda não precisava dela. E mesmo depois de me decepcionar, eu continuei acreditando em tudo, menos em mim, acreditei que nunca seria alguém. Não sei explicar o porquê e como, mas o que continuou em mim foi a fé na pouca atenção que eu recebia.

estou tentando mergulhar feliz pelas gotas de importância que me oferece quando percebe que a criança que existia morreu, agora que eu sou adulta talvez seja mais fácil de esconder a minha esperança na nossa relação mal construída que mal saem nos meus textos e não cabem no meu peito ansioso pra ser importante pra você.

hoje preciso da esperança mais do que nunca pra acreditar que podemos ser um laço diferente do que se desfez. algum lugar dentro de mim quer dizer que te ama, mas boa parte de mim, acostumou ficar em silêncio. talvez eu tenha aprendido cedo demais que a esperança é pra poucos, e por azar carrego ela comigo.

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Júlia Renata

‘’Sei que a mudez , se não diz nada, pelo menos não mente, enquanto as palavras dizem o que não quero dizer.’’